O lixo do oceano pode ser o tesouro de outra pessoa. Esta filosofia inspiradora deu a duas mulheres a ideia de aproveitar o lixo oceânico para criar produtos úteis e originais. Aqui está a sua história.

Uma iniciativa amiga do ambiente

Sediada em Cabo Verde, Simili – Transformação e Reciclagem Lda – é uma pequena empresa com uma visão: criar coisas bonitas por amor ao oceano.

Fundada por Débora Roberto e Helena Moscoso, a empresa reconhece a importância de uma economia circular para um futuro mais sustentável. A falta de sistemas de reciclagem em Cabo Verde torna difícil a gestão dos resíduos gerados. Como resultado, o lixo é principalmente queimado ou enterrado, criando riscos para a população e para o ambiente.

“Não podemos continuar a explorar este tipo de recursos, uma vez que a matéria prima está a tornar-se cada vez mais escassa, podendo pôr em risco toda a vida na Terra”, salienta Helena Moscoso, co-fundadora da empresa.

Na esperança de um futuro mais verde e sustentável, utilizando alternativas ecológicas, ela decidiu recolher o lixo das praias e separar os resíduos da pesca. As cordas e redes de pesca são convertidas em conjuntos de fios de tear, que por sua vez são transformados em tecido. Sacos, carteiras, estojos de lápis e bens de primeira necessidade como sapatos, também são fabricados a partir deste tecido reciclado.

Uma receita para o sucesso

Desde a sua criação, Simili só tem conhecido o sucesso. O projecto ganhou o primeiro prémio do programa cabo-verdiano PROMEB, que proporcionou o seu financiamento de arranque. Simili também foi nomeado para o Prémio Campeão Azul em 2019, o que proporcionou ainda mais exposição ao projecto. A viagem de Helena às Maurícias para apresentar o seu projecto foi apoiada pela AIODIS.

Para além de fornecer sacos ecológicos “Made in Cabo Verde” feitos de redes de pesca, Simili também criou empregos numa aldeia piscatória onde as oportunidades de emprego para as mulheres são limitadas. A capacitação destas mulheres através da educação e formação, acesso a equipamento e rendimento adequado, é um dos principais objectivos de Simili.

Para o futuro

Embora as ideologias e actividades do projecto sejam muito apreciadas, Simili luta frequentemente para obter mais financiamento para expandir e melhorar as suas actividades. O arranque requer melhores infra-estruturas para os seus empregados, bem como melhores meios para recolher mais lixo dos oceanos. Os empregados estão, por exemplo, a prever um conjunto de máquinas de reciclagem para os ajudar a criar outros produtos a partir do plástico mas também outros tipos de resíduos.

“Começámos com as artes de pesca, mas queremos levar esta ideia muito mais longe! Podemos reduzir as importações em Cabo Verde, criando artigos feitos a partir dos seus próprios resíduos”, conclui a co-fundadora.

Uma iniciativa inspiradora que não só ajuda o ambiente, mas também contribui para a emancipação e transição das mulheres para uma economia mais circular.